A História e teoria de Piaget
História
• Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, na Suíça, em 09 de agosto de 1986.
• Interessou-se por mecânica, fósseis e zoologia.
• Licenciou-se em 1915, em Biologia.
• Título de Doutor em Ciências (1918) pela Universidade de Neuchâtel.
• Pesquisas com o teste de Burt em crianças parisienses e crianças deficientes mentais no hospital da Salpatriere, onde pesquisou a formação do número na criança.
• Em 1923, assumiu a direção do Instituto Jean Jacques Rousseau, de Genebra, passando a estudar, sistemáticamente, a inteligência.
• Em 1947 publica seu primeiro livro de síntese da teoria, “A psicologia da Inteligência”.
• Em 1949, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade do Brasil (hoje UFRJ).
• Em 1950 publica “Introdução e epistemologia genética” onde explica o pensamento matemático, o pensamento físico, o biológico, psicológico e sociológico.
• Piaget falece em 16 de setembro de 1980.
• Deixa aproximadamente 70 livros e mais de 700 artigos.
Teoria de Piaget
- Para Piaget, a inteligência é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao meio exterior.
- Os indivíduos segundo Piaget se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio em que vivem. O comportamento de cada um de nós é construído numa interação entre o meio e o indivíduo.
- Esta teoria é caracterizada como interacionista. Quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo.
- Para Piaget a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação.
- Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inserí-lo num sistema de relações.
- A partir de resultados oriundos de suas pesquisas biológicas, Piaget concluiu que todas as espécies herdam duas tendências básicas: organização e adaptação.
- Organização - combinação, ordenação, recombinação, reordenação de comportamentos e pensamentos em sistemas coerentes.
- Adaptação - As pessoas também herdam a tendência de se adaptarem ao seu meio ambiente. E a adaptação engloba dois processos básicos: assimilação e acomodação.
- Segundo Piaget, organizar, assimilar e acomodar podem ser vistos como um ato complexo de estabilização. Afirma que as mudanças efetivas no pensamento ocorrem devido a um processo de equilibração.
- Se aplicarmos um esquema específico a uma determinada situação e este funcionar, então existe tal equilíbrio, mas se o esquema não produzir um resultado satisfatório então existe o desequilíbrio. Por isso estamos em constante processo de assimilação e acomodação e com isso nosso pensamento muda e progride continuamente.
- Outros fatores essenciais para o desenvolvimento cognitivo: maturação e interação social.
Maturação – se refere às funções cognitivas.
Interação social - intercâmbio de idéias entre pessoas. Aqui, a interação com outras pessoas faz com que haja um desequilíbrio em relação a conhecimentos físico e lógico – matemático. Quando os pensamentos da criança entram em conflito com os pensamentos de outra criança ou mesmo com um adulto, ela começará então a questionar seus pensamentos.
- O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência dá-se, portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo seqüencial”.
Segundo Piaget, o desenvolvimento do raciocínio se expressa nas seguintes etapas:
Sensório – motor (0-2 anos)
Pré – operacional (2-7 anos)
Operacional concreto (7-11 anos)
Operacional formal (11-adulto)
- Piaget acreditava que todas as pessoas passavam pelos mesmos estágios exatamente na mesma ordem.
Estágio sensório – motor - o pensamento da criança envolve apenas ver, ouvir, tocar, mover-se, provar e assim por diante.
Estágio Pré – operacional
- A criança ainda não domina as operações mentais.
- Segundo Piaget, o primeiro passo na passagem da ação para o pensamento é a internalização da ação, realizar uma ação mentalmente em vez de fisicamente.
- O primeiro tipo de pensamento que é separado da ação envolve os esquemas de ação de símbolos (palavras, gestos, sinais, imagens, entre outros), esta é uma importante aquisição deste estágio. A capacidade de trabalhar com símbolos ou palavras no lugar do objeto concreto é denominada função semiótica.
- Rápido desenvolvimento da linguagem.
- Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela.
- É muito difícil para a criança pensar “de trás para frente”, ou imaginar como reverter os passos de uma tarefa.
É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos.
- A compreensão da conservação de matéria é ainda um processo abstrato para as crianças neste estágio.
- As crianças deste estágio são egocêntricas, elas não conseguem ter outro referencial sem serem elas próprias.
Estágio Operacional Concreto
- Reconhecimento da estabilidade lógica do mundo físico
A percepção de que os elementos podem mudar ou serem transformados
- Conservar muitas de suas características originais, além de compreenderem que tais mudanças podem ser revertidas.
- Segundo Piaget a capacidade de um aluno resolver problemas de conservação depende de compreensão de três elementos básicos do raciocínio: identidade, compensação, e reversibilidade.
Operacional Formal
- Começa no início da adolescência.
- Capaz de raciocínio científico e de lógica formal e pode aceitar a forma de um argumento, embora deixe de lado seu conteúdo concreto, de onde se origina o termo “operações formais”.
- A criatividade torna-se mais madura em relação aos demais estágios. Este estágio corresponde ao nível de pensamento hipotético – dedutivo ou lógico – matemático.
Segundo Piaget a maioria dos alunos pode ser capaz de usar o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham mais experiência ou interesse.
A teoria de Piaget segundo a Pedagogia
- Sujeito e objeto se constituem mutuamente, na interação. Eles constroem.
- O conhecimento não nasce com o indivíduo nem é dado pelo meio social. O sujeito constrói seu conhecimento através da interação com o meio (físico e social).
- A partir da equilibração o sujeito passa a construir seu próprio conhecimento.
- O professor além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno construiu.
Podemos então dizer que a teoria de Piaget enquadra-se no modelo epistemológico Construtivista e no modelo pedagógico relacional.
Tipos de Construtivismo: Segundo Moshman (1982) o construtivismo é subdividido em três categorias: endógeno, exógeno e dialético.
O construtivismo endógeno – Postula que o novo conhecimento é abstraído do conhecimento velho, ou seja, o conhecimento se desenvolve à medida que as estruturas cognitivas antigas vão se transformando. A teoria de estágio de desenvolvimento de Piaget é um exemplo de construtivismo endógeno.
O construtivismo exógeno – O conhecimento é formado pela reconstrução da realidade do meio em que as pessoas vivem. “No construtivismo exógeno, aprender é construir estruturas mentais que reflitam a forma como as coisas realmente são no mundo”.
O construtivismo dialético – o conhecimento cresce a partir de fatores internos (endógeno), cognição, e de fatores externos (exógeno), social e ambiental.
Referências bibliográficas:
BECKER,Fernando.Educação e Construção do conhecimento.Porto Alegre, Artmed, 2001, P.81.
DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990.
FLAVELL, John H. - A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget. Edit. Pioneira.
GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993.
MUSSEN, Paul H. - O desenvolvimento psicológico da criança. Edit. Zahar
NICOLAS, André - Introdução ao pensamento de Jean Piaget. Edit. Zahar.
HENRI WALLON
Biografia
Nasceu na França em 1879.
Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a educação.
Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908.
Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em especial, a França.
Em 1914 atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes.
Até 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas.
Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da criança.
possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência.
Neste grupo o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica.
Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante. Manteve ligação com o partido até o final da vida.
Em 1948 cria a revista ‘Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em psicologia e fonte de informação para os educadores.
Faleceu em 1962.
A ABORDAGEM DE HENRI WALLON
A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar" (Dantas, 1992). Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa.
Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do desenvolvimento psíquico da criança. Assim, o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral.
Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores.
Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por reformulação, instalando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança.
Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura e endógenos e quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa (Galvão, 1995). Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento.
Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano apresentados por Galvão
(1995) sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva:
1- Impulsivo-emocional, que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;
2- Sensório-motor e projetivo, que vai até os três anos. A aquisição da marcha e da prensão, dão à criança maior autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços. Também, nesse estágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se" em atos motores. Como diz Dantas (1992), para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor;
3- Personalismo, ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
4- Categorial. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior;
5- Predominância funcional. Ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de "alternância funcional", onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e diferenciação.
Wallon enfatiza o papel da emoção no desenvolvimento humano, pois, todo o contato que a criança estabelece com as pessoas que cuidam dela desde o nascimento, são feito de emoções e não apenas cognições.
Baseou suas idéias em quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação: afetividade, emoções, movimento e formação do eu.
AFETIVIDADE- possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoa pois é por meio delas que o ser humano demonstra seus desejos e vontades. As transformações fisiológicas de uma criança (nas palavras de Wallon, em seu sistema neurovegetativo) revelam importantes traços de caráter e personalidade.
EMOÇÕES- é altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer. A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos possuem uma função de grande relevância no relacionamento da criança com o meio.
MOVIMENTO- as emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por limitar o fluir de fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da pessoa.
FORMAÇÃO DO EU- a construção do eu depende essencialmente do outro. Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a "crise de oposição", na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos 3 anos, quando é a hora de saber que "eu" sou. Imitação, manipulação e sedução em relação ao outro são características comuns nesta fase.
Wallon, deixou-nos uma nova concepção da motricidade, da emotividade, da inteligência humana e, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia infantil e reformular os seus problemas.
Psicogênese da Pessoa Completa
Wallon procura explicar os fundamentos da psicologia como ciência, seus aspectos epistemológicos, objetivos e metodológicos.
Admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda a função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, considera que não é condição suficiente, pois o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido, ou seja, de fora. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores.
Psicologia Genética
A psicologia genética estuda os processos psíquicos em sua origem, parte da análise dos processos primeiros e mais simples, pelos quais cronologicamente passa o sujeito. Para Wallon essa é a única forma de não dissolver em elementos separados e abstratos a totalidade da vida psíquica.
Wallon propõe a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento.
Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo).
Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação do fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal).
Para ele a atividade do homem é inconcebível sem o meio social; porém as sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuam aptidões como a da linguagem que pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja vista que certas perturbações de sua integridade, privam o indivíduo da palavra. Vemos então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.
De acordo com Dantas (1992) Wallon concebe o homem como sendo genética e organicamente social e a sua existência se realiza entre as exigências da sociedade e as do organismo.
Pedagogicamente a reflexão a partir de tais concepções exige uma prática que atenda as necessidades das crianças nos planos afetivo, cognitivo e motor, além de promover o seu desenvolvimento em todos os níveis.
O maior objetivo da educação no contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimento da pessoa e não em seu desenvolvimento intelectual. A inteligência é uma parte do todo em que a pessoa se constitui.
Manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud.
Destacava na teoria de Piaget as contradições e dessemelhanças entre as suas teorias, pois considerava esse o melhor procedimento quando se busca o conhecimento. Por parte de Piaget existia uma constante disposição em buscar a continuidade e complementariedade de suas obras. Os dois se propunham a análise genética dos processos psíquicos, no entanto, Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da inteligência.
Com a psicanálise de Freud mantém uma atitude de interesse e ao mesmo tempo de reserva.
Embora com formação similar (neurologia e medicina) a prática de atuação os levou a caminhos distintos. Freud abandonando a neurologia para dedicar-se a terapia das neuroses e Wallon mantém-se ligado a esta devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios de comportamento.
O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida”.
Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE.
infantil (afetivo, motor e cognitivo).
Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação do fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal).
Para ele a atividade do homem é inconcebível sem o meio social; porém as sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuam aptidões como a da linguagem que pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja vista que certas perturbações de sua integridade, privam o indivíduo da palavra. Vemos então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.
De acordo com Dantas (1992) Wallon concebe o homem como sendo genética e organicamente social e a sua existência se realiza entre as exigências da sociedade e as do organismo.
Pedagogicamente a reflexão a partir de tais concepções exige uma prática que atenda as necessidades das crianças nos planos afetivo, cognitivo e motor, além de promover o seu desenvolvimento em todos os níveis.
O maior objetivo da educação no contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimento da pessoa e não em seu desenvolvimento intelectual. A inteligência é uma parte do todo em que a pessoa se constitui.
Manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud.
Destacava na teoria de Piaget as contradições e dessemelhanças entre as suas teorias, pois considerava esse o melhor procedimento quando se busca o conhecimento. Por parte de Piaget existia uma constante disposição em buscar a continuidade e complementariedade de suas obras. Os dois se propunham a análise genética dos processos psíquicos, no entanto, Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da inteligência.
Com a psicanálise de Freud mantém uma atitude de interesse e ao mesmo tempo de reserva.
Embora com formação similar (neurologia e medicina) a prática de atuação os levou a caminhos distintos. Freud abandonando a neurologia para dedicar-se a terapia das neuroses e Wallon mantém-se ligado a esta devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios de comportamento.
O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida”.
Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE.
Bibliografia:
Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Isabel Galvão. Ed. Vozes, 1995.
A importância do Movimento no desenvolvimento psicológico da criança in Psicologia e educação da infância – antologia. Henri Wallon. Ed. Estampa.
DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990
GALVÃO, Izabel. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. In: Cadernos Idéias, construtivismo em revista. São Paulo, F.D.E., 1993.
WALLON, Henri. Psicologia. Maria José Soraia Weber e Jaqueline Nadel Brulfert (org.). São Paulo, Ática, 1986.